Após mais de 10 anos como membro de uma Organização Não Governamental de Ambiente e praticamente os mesmos como profissional na área do ambiente e sustentabilidade, surgiu a oportunidade e espaço para uma partilha alargada de pensamentos sobre como podemos contribuir uma maior e melhor conservação da natureza e consequentemente para uma sociedade melhor.
A realidade em Portugal demonstra que em diferentes setores da sociedade é necessária uma efetiva mudança de mentalidade, já que os resultados pecam por aparecer.
Para compreender este facto, basta visitarmos uma praia para perceber que o lixo marinho continua presente em toda a nossa costa, que a qualidade das águas (interiores e costeiras) é uma ameaça para a saúde de todos, que o sentido de comunidade, pertença e intervenção cívica, vai perdendo energia, em vez de acontecer exatamente o contrário.
A desinformação tornou-se também o novo normal, em que os factos, a ciência e a razão deixaram de ser utilizados no “combate” às alterações climáticas, tendo sido substituídos pelo greenwashing, pelos “ativistas” comerciais e pelas agendas politizadas.
Acredito que a participação cívica é fundamental para uma sociedade mais sustentável, conceito que nunca esteve tão em voga, mas que no final do dia, representa a procura infindável do equilíbrio entre o Homem e a Natureza.
O difícil equilíbrio entre o homem e a natureza
Vivemos tempos turbulentos, em que os extremos fazem parte do quotidiano e em que a razão muitas vezes deixa de estar no centro da discussão, nomeadamente no Ambiente e na forma de olhar para a sustentabilidade.
Sou voluntário da Surfrider Foundation Europe desde 2007, membro ativo desde 2011 e membro da Direção desde 2020, uma organização que me ensinou ao longo deste tempo que é possível encontrarmos o equilíbrio ente o Homem e a Natureza, aliás, é exatamente esse o ponto de partida de uma organização não governamental de ambiente que hoje reúne milhares de membros ativos em todo o mundo.
A Surfrider Foundation foi fundada por Glenn Hening, Lance Carson, Tom Pratte, Chris Blakely em conjunto com um grupo de surfistas preocupados com as ameaças ambientais consequência do crescente desenvolvimento costeiro numa das praias de referência, Surfrider Beach em Malibu, Califórnia. Assim, em 1984, um grupo de pessoas com uma paixão comum pelo oceano, iniciou uma batalha de defesa de um bem de todos, que apesar de várias frentes e vitórias ao longo de 40 anos, continua hoje em dia com a mesma paixão, compromisso e dedicação.
Neste caminho a Surfrider Foundation tem trazido slogans como “Protect and Enjoy”, onde se reconhece que o ser humano pode e deve ter um papel ativo na natureza, não só como espectador, mas também como uma parte, através do usufruto, valorização e proteção de um património natural que é de todos.
Há uma ideia contrária que alguns movimentos na sociedade tentam disseminar, em que o Homem é colocado numa posição de agressor, em que aparentemente não tem lugar na natureza. Esta forma extremista de olhar para a relação entre a natureza e o Homem como antagónica, contribuiu para um alheamento e desresponsabilização. É um facto que as comunidades mais afetadas pelos impactes ambientais das diferentes transformações que ocorrem (naturais ou causadas pelos Homem), são as primeiras a reagir e procurar implementar soluções.
É por essa razão natural, que uma comunidade que vive intensamente o oceano, como aqueles que deram origem à Surfrider Foundation, sejam os primeiros a querer atuar e proteger algo que para si tem um valor inestimável.
Reconhecer que o homem é parte do ecossistema, que o Planeta se desenvolveu para aquilo que é hoje e onde vivemos, deverá ser o ponto de partida para uma ação conjunta em comunhão com a natureza.
Para a grande maioria dos problemas ambientais, a forma como se procurará pensar e desenvolver soluções, irá depender em grande medida dos problemas locais, mas irá acontecer de forma mais efetiva, quando localmente se considerar a natureza como sua, como de todos. O agir localmente, pensando globalmente, nunca perdeu atualidade.
A partir do meu percurso profissional e associativo, acredito que a solução passa e passará sempre pela aproximação das pessoas à natureza, no sentido em que esta não deve ser apenas um local idílico a visitar num qualquer documentário da National Geographic a partir do sofá, mas sim um sítio onde se deva estar e usufruir.
Esta ideia de usufruto é na verdade uma parte essencial da solução para a conservação e proteção da natureza.
Através da rede de livecams , podes visua lizar em direto e em tempo real toda a evolução do estado do mar e da praia.
Podes também confirmar as previsões relativas a todas as praias através da nossa página Praias Beachcam .
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