João Bracourt, reconhecido no meio simplesmente como 'Brek', é um nome incontornável quando se fala de fotografia de surf em Portugal.
Nascido na Figueira da Foz, mas há muito radicado no Algarve, João tem uma vida ligada ao surf e à fotografia, com diversos trabalhos publicados em prestigiadas revistas de surf a nível internacional, como são o caso da icónica 'Stab' e do The Surfer's Journal.
Em entrevista, 'Brek' fala-nos um pouco sobre o seu trajeto, a paixão pela fotografia, a transição de surfista para fotógrafo, entre outros temas relacionados com a arte.
Como nasceu a paixão pela fotografia de surf?
Sempre gostei de fotografia, mas o preço das revelações e do material fotográfico, especialmente das lentes tele, eram proibitivos. Ainda tirei umas fotos com aquelas câmaras descartáveis à prova de água, mas também queria surfar. Mais tarde quando surgiram as primeiras câmaras digitais comprei uma Epson de um megapixel e nunca mais parei de fotografar. Mais tarde, mandei vir uma caixa estanque dos EUA e dediquei-me à fotografia de surf na água. Era muito entusiasmante porque havia um novo mundo por explorar, especialmente em Portugal onde quase ninguém fotografava na água.
O que significa para ti a fotografia?
Deve significar algo pois tenho uma câmara tatuada no pulso. Parece uma máquina de lavar roupa, mas é uma câmara. As minhas fotografias são para mim memórias, momentos que exprimem emoções, sensações de felicidade extrema, vigor, paz, etc.
O facto de praticares surf facilitou o teu desenvolvimento enquanto fotógrafo de surf?
Talvez, sei o que é bom surf, bons momentos. Mas não sei se a maior parte dos fotógrafos de surf reconhecidos fazem morey boogie. Uma coisa é certa, fotografo surf porque o surf é a minha paixão.
Viveste toda a transição das revistas de surf para a era do digital, dos sites e das (redes sociais). Isso alterou a forma como fotografas ?
A internet possibilitou aos fotógrafos exporem o seu trabalho sem 'gate keepers' e logo com mais liberdade para experimentar novos ângulos, locais e luz. Ainda existem algumas revistas e penso que vão voltar em força. Eu próprio estou a pensar fazer uma.
A dada altura abandonaste as redes sociais, mas depois decidiste regressar. A que se deveu esse regresso?
Abandonei todas as redes sociais, mas há uns anos voltei ao Instagram, não tanto como rede social pessoal, mas como um canal para divulgar o meu trabalho. Também estou outra vez no YouTube, mas agora com entrevistas dentro da minha velha Renault 4L.
Também costumas fotografar dentro do mar. Qual das duas vertentes preferes?
Recentemente fartei-me um pouco das fotografias de água, prefiro a de vinho. Agora a sério, acho que as fotos na água tornaram-se banais, no geral. Prefiro enquadramentos mais criativos do que um boneco no tubo. Também tenho um 'drone', enerva-me um pouco, mas acho que tem bastante potencial. É onde vou apostar mais no futuro.
Como está atualmente o panorama da fotografia de surf no Algarve e em Portugal?
Acho que o panorama está melhor. Já me vão imitando ao invés de montar o tripé ao lado das coisas dos surfistas e ficar lá a sessão toda. É com tristeza que vejo o pessoal a passar para o vídeo só por razões financeiras. São linguagens completamente diferentes. A fotografia é dizer mil coisas com uma imagem e o vídeo dizer uma coisa com mil imagens.
Quais os segredos por detrás de um bom fotógrafo de surf?
Os segredos são não ter segredos. Muitas vezes vou fotografar alguém especial e convido vários fotógrafos. Não me preocupa nada que eles apareçam porque tento tirar fotografias que nem eu próprio consigo imitar e destacar-me pela criatividade.
No presente que trabalhos está a desenvolver a nível nacional e internacional?
Gostava de lançar uma revista e vou-me mantendo a par das ondulações, do novo sangue, como o João Maria Mendonça e as irmãs Suri e Siena Rodrigues. Continuo a fazer parte do coletivo 'Salitre' e já estou a preparar a minha parte para a quarta edição do nosso livro. Tenho um vlog com entrevistas de pessoas que admiro, colegas fotógrafos, etc. A nível internacional não sei, acho que depois da segunda capa na 'The Surfers Journal' e duas entrevistas na 'Stab' não tenho grande motivação.
No Algarve, tens alguma praia favorita para fotografar?
Praia dos Paus Amarelos.
Em termos internacionais qual foi o local mais marcante em que já fotografaste?
As Mentawai, as ondas são mesmo incríveis, pena a paisagem ser monótona, só coqueiros, e não haver sardinhas assadas, nem vinho tinto.
Que conselhos dás para todos aqueles que pretendem fazer carreira de fotógrafo de surf?
Dou todos, faço uma masterclass se for preciso, mas não vejo quase ninguém a querer ser fotógrafo de surf.
Para além da fotografia de surf, o que mais gostas de fotografar?
A minha filha.
Onde é que as pessoas podem acompanhar diariamente o teu trabalho?
O meu trabalho pode ser acompanhado em https://www.instagram.com/joao_bracourt/
Depois de todos estes anos, podes enumerar as 10 fotografias mais marcantes que tiraste e descrever cada uma delas?
Nic Capa Surfers Journal
Bawa Illume Finalista
Vale Santo Capa Blue Japão
Alex Botelho Zavial
Marlon Lipke Tonel Capa Wellenreiten
Cordoama
James Parry Faro
João Mendonça Mareta
Secret Spot
Auto Retrato
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